“O caso do meu filho:
O meu filho nasceu há 8 anos atrás, forte e saudável, nada poderia antever o percurso que por esta altura já foi feito…
Em Junho de 2011, 1 mês antes de completar 2 anos, o meu filho adoeceu. Começou com febre, perda de apetite e irritabilidade, mas julguei que fosse uma simples constipação. No entanto a febre tornou-se persistente e teimava em não responder aos antipiréticos. Decidi então levá-lo ao pediatra passados 4 ou 5 dias desde o início da febre. Foi-lhe diagnosticado “amigdalite” e recebeu alta com antibiótico. Passados os 8 dias da toma do medicamento o meu filho continuava com febre alta e começou a ter vómitos abundantes, não parava de chorar e as suas mãos começaram a descamar. Nessa noite fomos de novo ao Hospital e após a observação de vários médicos e feitas as análises, recebi o diagnóstico: DOENÇA DE KAWASAKI.
Foi um choque. Nunca tinha ouvido falar em tal coisa. Mil e um pensamentos passaram pela minha mente… Os médicos tinham um ar muito preocupado e falavam entre si a murmurar…A primeira pergunta que fiz foi: “O meu filho vai morrer?”, e a resposta que recebi foi que não sabiam ainda quais os danos que a doença já havia causado no seu pequeno corpinho..
Começaram então os exames que confirmaram que a doença já havia comprometido as artérias coronárias, mas que ainda havia a possibilidade de regressão nos próximos meses. Ele reagiu muito bem e poucos dias depois foi-lhe dada a alta hospitalar.
Começamos o acompanhamento com o cardiologista, que ao longo do tempo constatou que no caso dele não houve regressão, muito pelo contrário, as pequenas dilatações que tinha nas artérias se transformaram em gigantes aneurismas…
Foi-nos dada a indicação para fazer um cateterismo que revelou ser necessário começar a tomar uma medicação mais forte, de modo a evitar um possível enfarte ou AVC.
Após 2 anos com altos e baixos, fez, novamente, um cateterismo de rotina, que revelou uma estenose ( estreitamento) numa artéria coronária de 90%, isto é, a artéria estava quase totalmente obstruída…. Foi um choque tremendo… Fez cirurgia cardíaca de urgência, na qual foi colocado um excerto da artéria mamária criando assim uma “segunda passagem” para o sangue. Apesar de complexa, a cirurgia correu bem. Passou 3 dias nos Cuidados Intensivos e mais 6 no internamento. Recuperou bem.
Após esse grande susto continuamos o acompanhamento a nível cardíaco, a luta continua, pois ainda tem um grande aneurisma… No fundo, aprendemos a viver em sobressalto.
Sabemos bem que nunca teremos uma vida normal e estamos conscientes das complicações a longo prazo desta doença.”